TRADUCTOR / TRANSLATE / TRADUÇÃO AUTOMATICA

Primavera Sound 2017 @ Parc del Fòrum & Sala Apolo, Barcelona - 01, 02, 03 & 04 de Junho, 2017

Primavera Sound 2017 
Parc del Fòrum & Sala Apolo, Barcelona  
01, 02, 03 & 04 de Junho, 2017


Texto:  Ana Paula Soares e Mauricio Melo

Against Me!
DIA 1

Em nossa décima participação neste que é, atualmente, um dos maiores festivais de música do mundo, fomos brindados com um cartaz feito à medida para nosso perfil.  É claro que, em edições passadas fomos mais ativos, visitamos mais palcos, fotografamos mais e nos divertimos também.  Com o passar dos anos, nos sentimos como aqueles jogadores de futebol que com o avanço da idade e da experiência, mudam sua posição em campo no intuito de correr menos e manter a efetividade em alta.  Nada mais chegar em casa e olhar a lista de shows fotografados ou apenas assistidos e percebemos que a lista diminuiu na quantidade mas não na intensidade, pois tivemos momentos memoráveis para relatar nas linhas abaixo. 
 
Shellac
Os números não deixam para menos, um publico estimado em 200 mil pessoas (somando os três dias), mais de 125 países participantes entre bandas, imprensa e profissionais do “music business” e ingressos esgotados desde Janeiro, considerando que o festival revelou cartaz dois meses antes.  Entre as atrações desse ano, a que mais chamou atenção foi a Unexpected Primavera, que contou com um show supresa, dentre eles um palco aberto e com visão a 360 graus que contou um show quase surpresa do Arcade Fire, um dos grandes nomes do evento.  Digo quase surpresa porque a noticia vazou minutos antes. 

Abrimos a edição 2017 visitando o palco Primavera e conferindo de perto o quarteto Cymbals Eat Guitars, os novaiorquinos não decepcionaram o bom publico que se aglomerava diante do palco às 17:40 de uma quinta-feira.  Músicas como “Have a Heart” e “Warning” foram algumas que figuraram no setlist.  Entre um show e outro passamos na área de imprensa e demos de cara com Elza Soares, nossa diva oferecia ali uma coletiva para os jornalistas, muitos deles portugueses.  Mais adiante fez um dos shows mais marcantes do festival no Auditório Rockdelux, um palco mais luxuoso para um publico mais exigente, arrancou aplausos, emocionou quem estava na linha de frente e fez dançar quem estava na linha de trás, foi aplaudida de pé.  Suas letras sempre marcantes, independente do ritmo e do estilo que por sinal, elementos eletrônicos em suas composições deram um upgrade em seu estilo e vale destacar, apesar da idade e de se locomover em uma cadeira de rodas, sua voz esteve impecável.  Temos que destacar também os músicos que a acompanham.  Elza sentada ao centro do palco, num vestido que formava uma cascata, combinando com o fundo do mesmo.  O sorriso fácil na face dos gringos foi a prova absoluta que ali estava uma estrela e um momento histórico, para eles e mesmo para ela, apesar de ter se apresentado em diversos palcos mundo afora, o Primavera é único.  Como mesmo diz a letra de “A Mulher do Fim do Mundo”, “eu quero cantar, me deixe cantar até o fim…”.  Sim Elza, pode cantar sempre e obrigado pela presença.

Quem também passou pela sala de imprensa e logo em seguida conferimos no formato plugado foi o Broken Social Scene, fizeram o fim de tarde mais bonito, o por do Sol ao som de “Hug of Thunder” foi perfeito.  Depois de misturar samba com indie rock, chegava o momento de acender o pavio com Gojira, não se espantem com um nome metal no meio de tudo isso, mais adiante detalharemos o porque.  Os franceses pisaram forte na tarde / noite de quinta-feira dando inicio ao set com “Only Pain”, “The Cell” e “Backbone” finalizaram apresentação com pouco mais de uma hora e o publico saiu satisfeito com o que viu.  Dando aquela quebrada de asa entre um palco e outro e antes de conferir o grande nome do dia, passamos no palco Ray Ban e pedimos um aperitivo junto ao The Afghan Whigs apresentando seu novo disco In Spades e abrindo com “Birdland” e “Arabian Heights” as mesmas que abrem o trabalho de estúdio. 


Slayer
Agora sim aquela explicação que ficamos devendo parágrafos acima.  A participação de bandas de Metal, defina como preferir, no festival.  Quando Slayer foi anunciado como um dos destaques do cartaz, muitos pontos de interrogação surgiram de um lado e de outro mas se analisarmos friamente e para quem frequenta o festival a praticamente uma década, o espanto passou longe.  Em anteriores edições tivemos Motorhead, Neurosis, Napalm Death, Venom, Mayhem, OFF!, Trash Talk e muito mais e nunca foi tão chocante quanto o anuncio do Slayer, banda essa que há muito era um objetivo dos organizadores, quase obsessão e que virou até piada, a cada ano alguém perguntava:  “E o Slayer, quando vem?”, pois aí temos o quarteto da Bay Area. 

Completamente enganados os que acharam que Tom Araya e sua turma iriam tirar o pé por se tratar de um festival indie, ou que meia dúzia de gatos pingados estariam diante do palco.  Nada disso aconteceu, o que vimos foi uma das melhores apresentações do Slayer em anos, sem exageros.  Nem podemos dizer que não temos ponto de comparação considerando que facilmente assistimos a banda pelo menos uma vez ao ano, quando não duas vezes.  Não que tenham apresentado um setlist com novidades, na verdade é o setlist mais decorado dos últimos anos apenas abrindo espaço para uma única novidade, “Repentless” que abriu a noite e representou o ultimo album.  No mais, “The Antichrist”, “Disciple”, “War Esemble” e o tridente final com “Reign in Blood”, “South of Heaven” e “Angel of Death”.   Algo vem chamando atenção em nossas ultimas coberturas do Slayer e em especial no Primavera Sound, onde muitos fotógrafos não curtem as bandas, só estão ali para registrar imagens de músicos “famosos” e dar as costas para o palco e correr até o proximo.  Bem, já está na hora de tratar Gary Holt como um integrante definitivo da banda, já não é mais o músico convidado que substitui Jeff, já não é uma participação e vem fazendo um excelente trabalho na banda.  Ver fotógrafos se acotovelando em frente a Kerry King e abandonar Holt quando o mesmo está destruindo nos solos de guitarra do outro lado do palco é o pior que posso ver.  O som esteve impecável, as bandeiras de fundo com uma iluminação perfeita e um bom publico compareceu.

Mas ainda não acabou, dois encontros mais tínhamos antes de finalizar nossa jornada, uma delas com o The Damned liderados pelo Captain Sensible, reivindicando notoriedade após quatro décadas.  Sim, os Pistols levaram a gloria mas o Damned foi quem primeiro emplacou com “New Rose”.  Entre as mais celebradas também tivemos “Melody Lee” e “Neat, Neat, Neat”, levantando o publico punk da melhor idade, quem diria. 

Converge
Para finalizar a noite com chave de ouro conferimos o Converge.  Jacob Bannon e sua turma não decepcionaram, abriram a noite com “Dark Horse” de maneira demolidora, seguiram com “Aimless Arrow” e deram respiro com a lenta e berrada “You Fail Me”.  Finalizaram com duas do celebrado disco Jane Doe, “Comcubine” e a música que dá titulo ao disco. 

DIA 2

Nem sempre quantidade significa qualidade e essa regra se fez valer no segundo dia.  O cansaço começava a aparecer no horizonte e começamos a economizar pernas afim de chegar inteiros no final do evento.  Apesar disso chegamos cedo para conferir It’s Not Not, uma banda local que há muito não tocava no evento e que foram um dos repensáveis de abrir a tarde.  Por outro lado, o Shellac de Steve Albini, que marca presença anualmente e que por muitas vezes encerrou o evento tocou sob luz do dia, as 8 da tarde, sim é assim que nos referimos na Espanha ao horário das 20:00.  Não é necessário detalhar a apresentação, “My Black Ass”, “Squirrel Song” e todas as demais que tocam ano após ano figuraram no setlist, tipo aquele filme clássico que o cidadão já assistiu duzentas vezes e tem até as falas decoradas, o mesmo acontece com Shellac e assim como nos filmes, não nos cansamos de assisti-los. 

Descendents
Para o Descendents, o objetivo numero um foi o de ser o primeiro a entrar no fosso dos fotógrafos, claro que como brincadeira, como piada mas ao mesmo tempo reivindicando nosso posto.  Abriram com “Everything Sux” e foi até difícil de manter a concentração, estar entre o quarteto e um insano publico que cantava tudo, foi relaxar e abrir o sorriso.  Tão insano quanto rápido foi o tempo que tivemos no fosso, num piscar de olhos e após “Rotting Out” já estávamos saindo enquanto “On Paper” estava sendo tocada.  Só deu tempo de abandonar o equipamento e correr para o abraço, em um minuto já estava no tumulto, no seguinte suando pra burro, no terceiro debruçado na grade com aquele sorriso e de lá não sai até o final.  Há muito não me arriscava tanto mas valeu à pena, foi um repasso na carreira e sem pontos negativos, as músicas novas funcionaram à perfeição e apesar da idade, o nível se mantém em alta. 

Chegamos aos finalmentes do segundo dia com a dupla Sleaford Mods, um hip-hop / punk proveniente de Nottingham.  Perguntei a um fotografo se ele sabia do que se tratava e foi bem resumido em sua resposta, um cidadão que fala rápido no microfone e outro que coloca o pen drive no computador e toma cerveja.  É mais ou menos isso, considerando que são duas figuras, que suas letras são ácidas e uma critica a sociedade, com refrões fáceis e que fazem rir.   Mas nem tudo saiu a perfeição, problemas no som logo na primeira canção fez com que algumas garrafas fossem arremessadas no palco, gerando assim um mal estar entre a dupla e a mesa de som, algo que considerando comentários feito pelo vocalista, esses problemas já vinham desde a passagem de som.  Muito estranho por certo já que se trata de um microfone e um computador, algo simple.  Entre as musicas mais relevantes podemos destacar “TCR” e “Tied Up in Nottz”, foda!

DIA 3

Iniciamos nossa terceira jornada um pouco mais tarde do que o habitual.  Logo de cara conferimos o ex-Sonic Youth, Thurston Moore, apresentando seu novo trabalho, Rock N Roll Consciousness.  Chegar diante do palco e ver um violão e uma bateria e pensar que ali o mestre da distorção e efeitos atmosféricos poderia extrair algo à mais foi sensacional.  Como de hábito, o cidadão não falha e lá estava o alto e desengonçado Moore, com cabelos longos o suficiente para esconder o rosto, abrindo com seu novo single “Cease Fire” e deixando em êxtase um publico nostálgico.  Do anterior álbum ofereceu “Speak to the Wild” e o mestre continuava a tirar proveito de seu violão, nem baixo, nem Fender arranhadas, apenas um violão e pedais, quem precisa de mais?  Por ser um show num palco especial, o Hidden Stage, a apresentação foi curta, apenas 45 minutos.  O suficiente para abrir a jornada, o suficiente para dizer que ele ainda é o cara.
 
Thurston Moore
Ao sair do Hidden, demos uma conferida rápida no palco Adidas e na apresentação do Jardín de la Croix, banda espanhola com um som instrumental de alto nível, impossível não gostar.  Enquanto torcedores do Real Madrid e do Juventus disputavam espaço diante do telão para a final da Champions League, o Teenage Fanclub marcava presença no palco Primavera dando boas vindas com “Start Again”, que também abre Songs From Northern Britain, lançado há vinte anos.  Rebuscaram mais ao fundo com “Don’t Look Back” do aclamado Grand Prix e finalmente apresentaram o último lançamento, Here, com “Hold On”, puro Indie. 

Uma grande expectativa pairava na arena aonde se encontrava o palco Ray Ban, Seu Jorge apresentaria The Life Aquatic Studio Sessions, um tributo a David Bowie.  O que muitos não sabiam é que as versões seriam apresentadas em português quando na verdade muita gente achou que veria um lindo set cantado no puro ingles.  Mesmo assim o publico não arredou pé, conferiu de perto e cantou, em inglês é claro ao mesmo tempo que Seu Jorge cantava em nosso bom português, uma combinação bonita, principalmente em “Starman (Astronauta de Mármore)” e “Queen Bitch”, responsável pelo encerramento.  No mesmo palco que Caetano se apresentou há dois anos, Seu Jorge também foi ovacionado, bom de ver. 

Estava claro que ficaríamos de fora na sessão de fotos para o Arcade Fire, uma barricada limitada a 30 fotógrafos e com duas horas de antecedência já havia gente fazendo fila, guardando lugar para tentar mudar de vida porque um dia fotografou a banda canadense.  Como já fizemos isso e nossa vida seguiu como se nada tivesse acontecido, nos contentamos em assistir à distancia.  Show do Arcade é e sempre será bom, bonito de assistir e cantar desde a abertura com “Wake Up”, colocando o publico para dançar em “Everything Now” e “Haiti” de Funeral.  Não seria necessário dizer que “No Cars Go” e “The Suburbs” foram dois grandes momentos da apresentação.  No mais, tudo pensado e executado à medida para que o nome em letras grandes no cartaz do evento confirmasse favoritismo. 

Não foi a primeira vez que o Against Me! colocou um ponto final em nossas participações de grandes festivais, há uns dois anos foi assim no Hellfest e desta vez também deu o tom de despedida.  O quarteto está solido, preciso e afinado com Inge Johansson (ex-INC) no baixo, Atom Willard na bateria, James Bowman nas guitarras há bastante tempo e é claro Laura Jane Grace nos vocais, formação que se mantém estável há quatro anos.  Abriram o set com “I Was a Teenage Anarchist”, “Transgender Dysphoria Blues” e “333”, esta última do disco mais recente, Shape Shift With Me.  Também vale destacar “Dead Friend” e “Pints of Guinness Make You Strong”, considerada já um clássico da banda.  Fecharam a apresentação em alta com True Trans Soul Rebel.  Foi o ponto final perfeito em nossa participação no Parc del Fórum mas não a do evento. 

Para finalizar a edição de 2017, naquele domingo com cara de chuva e não muito o que fazer, demos uma esticada até a sala Apolo para o encerramento com Shellac e Sleaford Mods.  Apesar de termos assistido dois dias antes, a grande curiosidade era saber como o Shellac, que visita Barcelona anualmente para participar do evento, funcionaria numa sala fechada e podemos afirmar, talvez tenha sido a melhor apresentação do trio dentro do evento, talvez por ser num cenário distinto ao que estamos habituados ou mesmo porque a atmosfera era mais poderosa, foi destruidor.  O mesmo podemos dizer dos britânicos, que repetiram setlist mas não é o mesmo tocar num evento aonde entre o publico e o palco tem um fosso de tres metros do que tocar num palco aonde o publico está debruçado no mesmo, loucura absoluta e diversão garantida. 


Fim. 

No hay comentarios:

Publicar un comentario

SOBRE NOSOTROS / ABOUT US

Mi foto
Black Flash by Snap Live Shots, al contrario de lo que muchos imaginan, no es un Blog de música pero un registro de una única persona en el mundo de la musica con una cámara de fotos en las manos. Casi todo el contenido ha sido registrado, editado y publicado por un único personaje. Amante del Rock en general, vio en la fotografia su gran oportunidad de acercarse de sus grupos favoritos y ver a conciertos por otra perspectiva.