CRUILLA BARCELONA 2017
Data e Local: 7, 8 e 9 de Julho, Parc del Forum, Barcelona
Texto e fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots
Não, não nos esquecemos de resenhar o Cruilla Summer Festival Barcelona 2017. Mas, diante de uma avalanche de compromissos e shows, finalmente sentamos para breves comentários. “Nosso festival férias”, nosso estar à vontade, de chinelos, bermudas e sem medo do frio, digo nosso incluindo quem fotografa, quem curte, quem trabalha e por aí vai, clima de verão total. Então por isso mesmo farei uma resenha curta, um breve resumo dos dois dias e das horas que passamos dentro do festival.
Exatamente por se tratar de um festival com dimensões reduzidas, tanto fisicamente quanto no cartaz, as bandas não economizam setlist já que o tempo oferecido é maior do que o normal, comparando com outros festivais. Por isso mesmo o Two Door Cinema Club ofereceu um set de mais ou menos duas dezenas de músicas e o povo agradeceu. Abriram com “Cigarrettes in the Theatre”, os já identificáveis riffs de guitarra de Sam Halliday que desde o principio já havia colocado o publico no bolso quando entrou no palco vestindo a camisa do Barcelona FC, todo um clichê mas que por aqui funciona e bem. Continuaram tocando temas mais antigos com “Do You Want It All?”, “This is The Life” e uma das mais celebradas foi “Undercover Martyn”.
The Lumineers foi a seguinte, seguindo o padrão indie que o festival apresentou para a primeira jornada. Mais uma no formato Arcade Fire e que fazem a cabeça da juventude atual. Talvez um dia cheguem mais longe mas por enquanto ainda tocam para um publico reduzido, só que esqueceram de avisa-los porque lá na entrada dos fotógrafos havia um contrato por assinar com uma serie de exigências, algo que nem o Arcade fez por aqui em sua ultima passagem. Esta aí o exemplo entre o ser e o achar que é. Tudo bem, vida que segue. Dentre as mais destacadas estão “Ho Hey” (que título) e “Ophelia”, também merece destaque “Subterranean Homesick Blues” de Dylan.
Responsável por arrastar grande parte do publico do primeiro dia, o Jamiroquai deu mais uma demonstração de classe musical, dentro de seu estilo, e o porque após tantos anos continua levando alegria para o publico. Lua cheia, de frente para o Mar Mediterrâneo, simpatia de sobra de Jay Kay, um capacete de luzes coloridas que abria e fechava como num passe de magica, telão de fundo, entretenimento. Está aí a palavra, entretenimento é a que melhor define a noite de Jamiro. Abriu a noite com “Shake it On” de seu trabalho mais recente, não deixou de lado clássicos como “Space Cowboy” e “Emergency on Planet Earth” e “Canned Heat”. O que sim Jay Kay deixou de fora foi sua movimentação de palco devido a seus recentes problemas físicos, que quase o impediram de seguir com a turnê deste verão europeu. Aquela barriguinha aparente, uma roupa bastante simples mas se tratando da pessoa que é e a já comentada simpatia, só tínhamos ouvidos para sua voz e olhos para seu capacete. Continua sendo um grande nome da musica.
Para finalizar a primeira jornada tivemos o Los Fabulosos Cadillacs, banda esta que arrastou uma multidão, provocou uma histeria latina no festival. Pouco antes da apresentação começar pareciamos estar num estádio argentino com toda aquela paixão que os hermanos vivem quando a bola rola. Coisas que aprendemos morando fora do Brasil, até o anuncio da banda no evento pouco ou nada havia escutado falar sobre até perceber que todo amigo latino que tinha estava se derretendo com a possibilidade de vê-los. Definitivamente para eles o grupo tem sua importância, algo que para mim, talvez porque a música latina nunca me foi encantadora ou porque antes de residir na Espanha o idioma poderia ser uma barreira, não passou de um bom show de música, agradável e interessante de assistir diante de toda paixão e delírio do publico. “Calaveras y Diablitos”, “La Tormenta”, “Saco Azul” e “Revolution Rock” do Clash foram as mais aclamadas. Nem mesmo um problema com o som na metade da apresentação abalou a festa.
Pena mesmo foi chegar atrasado para o show do Little Stevens and The Diciples of Soul. Mais conhecido por ser o guitarrista de Bruce Springsteen fez um dos shows da tarde não só tocando composições próprias e corvers que passaram por Chuck Berry, Jimmy Rogers, James Brown, entre outros dos que pude conferir. Outro que chamou atenção diante de tantas exigências foi Ryan Adams. O cidadão colocou contrato para fotógrafos, proibiu fotos com celular, alegou sensibilidade com luzes mas o palco tinha canhão de luz para todos os lados, obrigou aos fotógrafos a ficarem na mesa de som e não na barricada e depois exigiu ver as fotos antes de serem publicadas, ou seja, ele mesmo gostaria de aprovar ou desaprovar as publicações. Desculpa senhor Adams mas perdi justamente o cartão de memória com as fotos de sua apresentação.
Como o dia foi de exigências, a seguinte foi uma velha conhecida. O Pet Shot Boys só autoriza fotos do lado esquerdo do palco. Digo velha conhecida porque já passei por essa exigência antes mas o mais curioso era saber qual seria o lado esquerdo, o deles, de frente para o publico ou o nosso, de frente para eles. Enfim, o importante foi que sim pudemos fazer nossas fotos e que a banda repassou sua carreira fazendo com que o Fórum se convertesse numa discoteca em clima de matinê. “West End Girls” e “Domino Dance” foram algumas que chamaram atenção além dos corvers “Go West” e “Always on my Mind”.
Por que falei antes que o Pet Shop Boys fez a matinê do dia? Porque quem colocou todo mundo para dançar de verdade foi o The Prodigy. Sinceramente acho até que a banda merecia um festival mais invocado, mais irado, para verdadeiramente quebrar a banca. Mesmo assim a festa foi evidente e engana-se quem acha que o trio está ultrapassado. Também fizeram exigências, mais divertidas é claro. Todos os fotógrafos de agencias foram barrados por não considerarem as mesmas veículos especializados em música e sim empresas que ganham dinheiro com imagens, lindo. “Breathe” foi o cartão de visita, “Nasty”, “Wild Frontier” vieram na sequencia, não demorou para “Firestarter” abalar as estruturas. “Invaders Must Die” também esteve presente e já em reta final “Smack My Bitch Up”, “Voodoo People” e “Poison”. Fim de apresentação e o chão era um mar de objetos perdidos e de chapados a procura dos mesmos.
Uma vez mais o saldo foi positivo e esperamos algo mais rock para 2018.
Até.
























