Sala Razzmatazz, Barcelona
23 de Fevereiro de 2017
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| Kreator |
O
clássico dos clássicos no que podemos considerar bandas formadas nos anos 80,
Kreator e Sepultura chegaram ao final daquela década e invadiram os anos 90
como grandes expoentes do thrash metal.
Traçando um cronograma e avaliando a historia de cada grupo, percebemos
de que tudo foi muito parecido apesar de países e continentes distintos. Quarteto de adolescentes de um lado e de
outro, muito improviso, equipamento ruim e atitude de sobra. Sim equipamento ruim para o Kreator também
ainda que achem que não. Há pouco mais
de dois anos estive conversando com Mille Petrozza que não duvidou em dizer que
engana-se quem diz que os anos oitenta foi a época dourada do metal, tudo muito
improvisado e equipamento barato, o
único brilho que havia na época era a criatividade. Enfim, papo para outro dia.
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| Aborted |
Ainda
com relação à introdução aí acima, numa das muitas bifurcações que bandas e
músicos são obrigados (ou não) a tomarem, algumas erram, outras acertam mas
vale lembrar que essas bifurcações, a cada quanto reaparecem, algumas bandas
reconhecem o erro e corrigem, outras voltam a errar e por aí vamos. Onde queremos chegar? Queremos dizer que o Kreator, há vinte e
cinto anos passou de banda grande a perder força por quase uma década, passou a
tocar em lugares menores, discos experimentais foram lançados mas corrigiram os
erros e atualmente podem se orgulhar de ser uma das maiores bandas de metal do
continente europeu. E o Sepultura? Como disse anteriormente, as bifurcações
reaparecem em épocas distintas e numa delas, os brazucas passaram por sua prova
de fogo e sabemos muito bem qual foi. O
resultado atual pode não ser tanto como os alemães aqui na Europa mas
definitivamente continuam sendo um dos grandes expoentes do nosso continente e
a prova disso foi o show em Barcelona no último 23 de Fevereiro além da
confirmarem presença em vários festivais europeus no verão que se
aproxima.
Antes
dos gigantes entrarem em cena, tivemos a oportunidade de conferir bons shows
com Aborted
e Soilwork. Os belgas do Aborted aproveitaram e bem seus
trinta minutos da tarde e não decepcionou ao publico que chegou cedo e em bom
numero para conferir um setlist novinho em folha, quase todo dedicado ao ultimo
lançamento, Retrogore
e algo do disco anterior, The Necrotic Manifesto, caso do “Coffin Upon Coffin”. O Soilwork por sua vez deu sua tradicional
pincelada no setlist, abriu a noite com “The Ride Majestic”, “Nerve” de
Stabbing the Drama e “Rise Above The Sentiment”, riffs matadores e a fusão de
vocais melódicos e guturais foram os mais marcantes na apresentação.
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| Sepultura |
O
Sepultura
chegou em bom momento, após as boas apresentações de Aborted e Soilwork, o
quarteto só teve o trabalho de manter o ritmo e a empolgação da galera em alta
e, experientes como são, não deixaram pedra sobre pedra e desceram a madeira
com “I Am The Enemy” e “Phantom Self” do recém lançado Machine Messiah, momento oportuno e muito bem escolhido
para apresentar musicas novas e que funcionaram a perfeição junto ao
publico. Outra que foi bastante
celebrada foi “Choke” do longíquo Against.
Os clássicos não demoraram a aparecer e o primeiro a dar as caras foi
“Desperate Cry” mas ainda assim, “Refuse / Resist” e “Inner Self” continuam
sendo os campeões da noite junto de “Roots Bloody Roots”, responsável por
fechar a noite como de habito. Eloy
Casagrande, o atual baterista da banda confirmou expectativas e deixou claro o
porque foi escolhido para ocupar o posto.
Derick perdeu as rastas mas mantém seu carisma em alta e o renovado
publico deixou claro que épocas passadas são épocas passadas. Paulo e Andreas dispensam comentarios
profissionais mas reservo aqui um espaço para fazer publica minha questão. Qual será o segredo do Kisser? Há 29 anos, ainda adolescente, assisti ao
grupo por primeira vez, fiquei velho e Andreas continua com a mesma cara. Alô marcas de produtos de beleza, está aí o
garoto propaganda perfeito.
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| Kreator |
Chegar
até aqui e não detalhar o show do Kreator seria um crime. Antes de entrar na sala Razzmatazz algo já
chamava atenção, o tamanho do caminhão que levava o equipamento da(s) banda(s),
estacionado do lado de fora, simplesmente gigante além dos tres tour bus de
dois andares. Duvidas começaram a se
dissipar ao ver o tamanho da bateria do Ventor, rampas laterais e plataforma na
parte de tras do palco (por cima da bateria), tela de fundo, iluminação
especial, algo bem parecido ao utilizado no Dying Alive.
Também canhões de fumaça com direito a uma pistola utilizada por Mille
em uma das musicas, no que consideramos parte teatral da apresentação haviam dois encapuçados nas laterais com
pratos fumegantes no inicio do set e até uma chuva de papel picado que,
sinceramente, acho que pouco combinou com a banda. Um setlist completo, sem deixar clássicos
como “Flag of Hate” e “Pleasure To Kill” de lado, com “Extreme Aggression”
muito bem encaixado no meio do show e engana-se quem acha que o quarteto abriu
a noite com músicas do recém lançado Gods of Violence.
Como a celebração de um marco, “Hordes of Chaos” vem abrindo com êxito
as apresentações há algum tempo e time que ganha não se mexe. A que não esperávamos de cara foi “Phobia” e
após essa, “Satan is Real” e a música titulo do disco novo apareceram. Além delas, “Fallen Brother” e “Hail To The
Hordes” também foram tocadas. “Phantom
Antichrist”, “Enemy of God” foram outras que fizeram a festa em uma hora e meia
de apresentação e praticamente duas dezenas de musicas. Como foi escrito lá no inicio, o Kreator
passou por um calvário, experimentou, não deu muito certo e corrigiu seu
caminho, deu a sorte de contar com a chegada de bons músicos como o baixista
Christian Geisler e especialmente o gentleman chamado Sami Yli-Sirnio, técnico,
melódico e que por coincidencia ou não, desde sua chegada, o Kreator recuperou
sua melhor forma. As engrenagens
funcionam perfeitamente, o quarteto parece ter encontrado a formula perfeita
para compor suas músicas e chega a ser difícil de escolher qual dos últimos
cinco discos, é o melhor. Na verdade
acho que todos se completam.













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